Reportagem da Folha de S. Paulo escancara farra de cargos comissionados nos Ministérios Públicos Estaduais


Na último sexta, dia 16, repercutiu reportagem publicada pela Folha de S. Paulo sobre as “farras dos cargos comissionados” (CCs) nos Ministérios Públicos estaduais em todo o Brasil. A matéria destacou a preocupante prática de inflar as estruturas das instituições com nomeações políticas, muitas vezes sem critérios técnicos ou de competência, favorecendo apadrinhados políticos e parentes de membros do próprio Ministério Público.

A reportagem demonstra que a Federação Nacional dos Servidores dos Ministérios Públicos Estaduais (Fenamp) entrou com uma ação judicial para questionar a legalidade dessas nomeações e para exigir que os Ministérios Públicos respeitem os princípios constitucionais da moralidade e da impessoalidade na administração pública. O coordenador executivo da Fenamp, Alberto Ledur, argumenta que o preenchimento desses cargos de confiança deveria priorizar servidores concursados, o que não ocorre.

A Folha detalhou casos em diversos estados onde essa prática é mais evidente. A reportagem mencionou que, em alguns MPs, o número de cargos comissionados supera o de servidores efetivos, o que distorce a função original dessas instituições, que deveriam primar pelo zelo da legalidade e pela defesa dos interesses públicos.

Diante dessa realidade, a Fenamp questiona as desproporções e pede a aplicação constitucional que determina limites para comissionados e efetivos. A entidade defende jurisprudência estabelecida em um caso movido pelo Ministério Público de São Paulo contra o município de Guarulhos. Na ação, julgada em 2019, foi aplicado um limite de 10% do total de servidores para cargos comissionados.

No âmbito do Ministério Público de Sergipe (MPSE), a situação não é diferente. A prática de inflar as estruturas com cargos comissionados também é uma realidade que compromete a qualidade dos serviços prestados pela instituição. Apesar de contar com um corpo técnico altamente qualificado de servidores efetivos, o MPSE tem seguido a mesma lógica criticada pela Fenamp, onde o mérito e a competência muitas vezes são preteridos em favor de nomeações pessoais e sem critérios objetivos e transparentes.

Essa prática não apenas desvaloriza os servidores de carreira, mas também compromete a eficiência do órgão, que enfrenta dificuldades para cumprir suas funções institucionais com a mesma eficácia que deveria ter. A luta da Fenamp, portanto, ressoa fortemente em Sergipe, onde a necessidade de uma gestão mais transparente é urgente.

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